segunda-feira, 14 de março de 2011

Kadafi + Japão + vinho + música + culpa?

No Japão, tsunami, terremoto, explosões de hidrogênio. Mortes, fome, sede, destruição. Triste, hein?!

Na Líbia, o desgraçado do Kadafi avançando e tomando redutos revolucionários/rebeldes - o que seja. Triste também, hein?!

E eu, sentada na frente do meu laptop, sabendo dessas notícias minuto a minuto.... Ouvindo uma música que diz "Tell me how am I supposed to care. […] Don't wake up, won't wake up, can't wake up. No, don't wake me up" – que é linda! - e bebendo um bom vinho branco – que é bom mesmo!

Será que eu deveria me sentir culpada? Deveria rezar? Deveria voltar ao projeto que tenho que entregar até sexta-feira? Deveria olhar o dever de casa do meu filho? Deveria beber mais uma taça? Desligar a música?

Essa facilidade no acesso às tristezas do mundo – é, porque, convenhamos, as coisas legais são encaradas como trivialidades, como "nada mais natural" – tem me feito alguma coisa mais além de uma criatura bem informada das últimas tristezas do mundo?

Não sou de alguma área que possa fazer algo para efetivamente ajudar o Japão ou a Líbia – a propósito, há alguma tristeza nova na África? Gosto de estar por dentro das questões de Darfur – ou seja, é provável que, pelo menos agora, eu não possa ajudar. E é bem possível que eu jamais consiga ajudar Japão ou Líbia diretamente. Um donativo? Tá. Mas não preciso estar por dentro de cada minuto dos acontecimentos pra ajudar com um donativo. “Tell me how am I supposed to care.”

Então por que diabos eu fico atrás de todos os acontecimentos? Talvez porque eu seja geminiana? Talvez. Mas sei lá o que faz com que eu pense que é importante pra mim estar “atualizada” segundo a segundo. Será que eu penso que estou ajudando em algo?

Mais uma taça. “It's the early morn. Lights flick on. Sleepy eyes peek through the blinds at something wrong. […] Tell me how am I supposed to care. […] Don't wake up, won't wake up, can't wake up. No, don't wake me up".

Não há ideia nem fato que não possam ser vulgarizados e apresentados a uma luz ridícula [Dostoievski]. Foi o que fiz. Mas tá!