segunda-feira, 21 de junho de 2010

Is Black beautiful??? Não para o SporTV!

A reportagem era sobre a beleza na Copa da África. Beleza no sentido de homem bonito e mulher bonita [assim mesmo, no singular!] E qual foi a surpresa? Nenhuma!!! Só foram selecionados branquinhos e branquinhas, a maioria de olhos claros e cabelos loirinhos, loirinhos... Coisa linda de se ver!
Gostaria de entender “os motivos” que levam editores de programas como este da SporTV, exibido no dia 21-06, por volta de 22h30, a selecionarem, num país africano, apenas 2 negros bonitos - 1 jogador e 1 torcedora – como símbolos de beleza. Não é esquisito que o programa tenha mostrado praticamente só jogadores loiros e torcedoras brancas como símbolos de beleza numa Copa na África? Talvez porque não haja negros no Brasil. Tampouco em nossa seleção. Aliás, o único brasileiro selecionado foi, coerentemente com a reportagem, o Kaká.
Ah! é possível que os editores e jornalistas tenham lido o bacana livrinho do Ali Kamel, cujo título mais bacana ainda é Não somos racistas: uma reação aos que querem nos transformar numa nação bicolor. Pelamordedeus!!!! O cara entende tuuudo de raça, racismo e reação.

7 comentários:

  1. Márcia, mais uma vez, concordo com você. E, como alemão, gostaria de deixar um comentário.

    Sabemos que os alemães não ficaram famosos como o povo que valoriza mais a diversidade das raças. Muito ao contrário.

    Fiquei muito feliz quando na copa de 2006 uma mensagem foi transmitida persistentemente durante todos os jogos: "Somos amigos mundiais". Criou uma atmosféra única e, na minha opinião, transformou pelo menos um pouco a imagem dos alemães. Mas não se limitou à imagem: Realmente, as pessoas mudaram, ficaram mais abertas para conhecer os visitantes do mundo e fizeram amizades.

    Você sabe que eu nunca me senti como "alemão rígido". Sempre brinquei com as caracteristicas com que comumente os alemães são identificados. Me sinto como cidadão do mundo e é isso que eu quero passar para o meu filho.

    Mas, mesmo assim, têm os momentos em que eu sinto um certo orgulho da minha nacionalidade. E não só por cerveja, pão e sauerkraut ;-).

    Um desses momentos foi no dia 13/08, no jogo da Alemanha com a Austrália. Não só pelo resultado, mas - e principalmente - pelo fato que no time da Alemanha temos três jogadores estrangeiros que se naturalizaram alemães: Klose, Podolski e o Cacau.

    Bem, já vejo os comentários aqui: "Alemanha não tem bons jogadores, precisa comprar no exterior, bla, bla, bla.". Mas, sério agora: Eu acho que finalmente os alemães se superaram. Reconhecemos que não somos os melhores do mundo, que a diversidade oferece muito mais do que inveja e briga. Assumimos o Cacau como um de nós, pela vontade dele e da nação.

    Para mim, isso mostra que ainda é possível mudar as cabeças. Espero que um dia o SporTV chega lá.

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  2. Adorei o Blog, PARABÉNS. Concordo com o que vc escreveu e achei linda a maneira de dizer o que trago na ponta da língua. Eu tinha que ser a primeira seguidora e por isto estou aqui. Vamos em frente e tenho certeza que seremos CAMPEÕES.

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  3. Aliás, saiu a versão alemã dos jogadores mais lindos da copa. Não precisa de tradução. Aproveitem, mulheres...

    http://www.n-tv.de/mediathek/bilderserien/wm/Die-schoensten-Spieler-der-WM-article906419.html

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  4. Oi Márcia. Pensou que eu não ia descobrir o seu blog e não ia te azucrinar, né? Pois bem, já começo: eu gosto das lourinhas, branquinhas de olhos azuis...

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  5. Antony,
    vc, como um mero telespectador, tem todo o direito de gostar de lourinhas, branquinhas de olhos azuis... Mas um programa de TV que se propõe a apresentar pessoas bonitas de um evento que agrega gente de vários lugares do mundo, com culturas diferentes, cores diferentes, crenças diferentes etc. não pode se limitar a mostrar apenas um tipo de beleza: o padrão que um único grupo definiu como "belo". Sem falar que o evento em questão se passa num país da África.

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  6. Aha! Sabia que iria provocar a fera! Mas calma, eu concordo plenamente com você: deveriam ter tido mais cuidado para não ferir suscetibilidades. Eu vi exatamente a mesma seleção de "figuras bonitas" e tive imediatamente a mesma impressão. Entretanto, não a mesma reação. Veja bem, eu sempre fui visceralmente contra o politicamente correto. E se tem uma coisa que tem grande potencial para escancarar a hipocrisia do politicamente correto é uma "seleção de belezas para aparecer na televisão". Ora, convenhamos, se os caras tivessem lido a cartilha, teriam feito as escolhas que agradariam a você (e a outros claro, também a mim) mas, por outro lado, a coisa toda teria o cheiro da artificialidade. Num certo sentido, acredito que a seleção realizada é mais próxima da realidade dos gostos, se não confessados, pelo menos professados, pela maioria da população brasileira (vou me responsabilizar só pela parte feminina, claro). E, para citar - fora de contexto, já admito logo a maldade - um grande amigo meu, que você conhece bem, em matéria de beleza parece que só os gostos pessoais importam mesmo. Eu não concordo com isso mas, em aceitando a tese, acabo, a contragosto, tendo que dar razão à seleção realizada. Paciência...

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  7. Vida longa a seu blog, querida. Estou assistindo a essa Copa com os olhos cheios de curiosidade acerca do "distúrbio cultural" que a pós-modernidade nos oferece. Vejo as atitudes de alguns jogadores evangélicos em rumo oposto aos seus discursos, mostrando mais uma vez que a identidade é uma categoria móvel e política, visto que,no jogo e na guerra vale tudo, não é mesmo? Vejo a "branquitude" convenientemente outorgada ao Cacau,pelo povo alemão. Vejo dois irmãos jogando em times opostos e o "conflito" identitário ao ouvirem os hinos dos países que eles representam.E ainda vejo o meu povo sob "the spectacle of the other",em imagens que em sua semiótica, nos remetem aos velhos e rançosos estereótipos. Estou vendo coisa demais? Rsrs. Saudades, dear.

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